sexta-feira, 15 de março de 2013

Discipulado: Uma questão de relacionamentos!

                


Alguns animais, ao nascerem, já trazem quase todas as características que lhes acompanharão pelo restante da vida. Com os seres humanos, quis Deus em sua sabedoria, que sua natureza seja diferente. Ao nascer, se a criança não tiver os cuidados e a assistência total de adultos, é quase impossível sua sobrevivência.
Na vida espiritual ocorre esta mesma situação, pois o novo cristão, ao nascer de novo, necessita de um apoio, assistência e orientação para o crescimento da sua vida espiritual. Se ele não conviver com pessoas que professam a mesma fé, não participar do grupo ao qual está pertencendo, a probabilidade de crescimento e aprendizagem do novo estilo de vida será reduzida consideravelmente.
Este relacionamento implica na obediência ao ciclo da vida natural, que é o mesmo da vida cristã. Por isto, é bastante comum na Bíblia a utilização de verbos como “gerar”, “nascer”, “crescer”, “amadurecer” e substantivos como: “filho”, “pai”, “criança”, todos se referindo ao desenvolvimento da vida espiritual. Leia Jo. 1:12; I Co.3:1-2; Ef.4:13,14; Hb.5:12-14 e IJo.2:1,12,18,28). Para uma compreensão mais precisa do significado de Discipulado, estas metáforas devem ser assimiladas.
A Bíblia é um livro que fala de relacionamentos de Deus com os homens, dos homens com Deus e entre os homens. É com este objetivo que surge a necessidade do Discipulado. Etimologicamente, o significado da palavra discípulo, é “aluno” ou “aprendiz”. Da palavra discípulo, considerando o contexto do Evangelho, chegamos ao termo Discipulado, tema deste artigo, que pode ser considerado o relacionamento entre um mestre e seu discípulo, com base no modelo de Cristo, de forma que esses discípulos se transformem em mestres para outros discípulos, sem quebrar esta cadeia. Por sinal, esta é a compreensão do apóstolo Paulo, quando escreveu a Timóteo: “(...)E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos, para instruir a outros.” (II Tm.2:2). Compreendemos que a igreja do Senhor tem tomado a responsabilidade de realizar essa tarefa com muito amor e tem tido resultados positivos, graças a Deus.
Como se faz o discipulado
Para obter crescimento espiritual, o cristão deve passar por um processo de aprendizado, que deverá levá-lo à medida da estatura de Cristo. Este processo é ensinado a nós por Paulo, que escreve aos seus discípulos: “... advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.” (Cl.1:28). Convém observarmos que ser “perfeito em Cristo” aqui relatado, pode ser entendido como “maturidade cristã”, que deve ser reproduzido na vida de outros.
Para reforçar a metáfora do crescimento de uma criança, temos a nítida impressão que o discipulado tem as características de um relacionamento de pai para filho. Vejamos como Paulo se refere em I Co.4:15, em Gl.4:19 e em I Tm.1:1,2, por exemplo. Não temos dúvidas que um relacionamento destes, pode garantir uma geração de crentes maduros, fortalecidos na fé, defensores da fé que abraçaram e que muito cedo têm condições de multiplicarem os conhecimentos obtidos e frutificarem, conforme podemos observar em I Co.3:1-3.
Onde se faz discipulado
O discipulado pode ser executado em qualquer lugar, em qualquer situação, pois é um relacionamento entre o discípulo e seu mestre. De forma geral, depende das condições e possibilidades de ambos as partes. As ações de relacionamento pessoal tendo em vista o discipulado, podem ser realizadas nas casas, em horários vagos no local de trabalho, em encontros específicos, por telefone e outros meios de comunicação disponíveis.
Uma maneira bastante usual de executar o discipulado é em pequenos grupos nos lares. Isto estimula aos que ainda não se sentem prontos para a participação no templo. No entanto, já que estamos em um contexto eclesiástico, de ensino cristão, provavelmente o lugar mais específico e adequado para a atividade seja o templo. Se o novo cristão recebeu Jesus naquele ambiente, se ele reúne condições de encontros presenciais, face a face com seu discipulador, eis aí o lugar ideal para a execução do processo de crescimento espiritual. Naturalmente, em nossas igrejas, utiliza-se o espaço e as facilidades da Escola Bíblica Dominical.
Há outros aspectos positivos que são colocados para a realização do discipulado no templo. Por exemplo, o discípulo estará mais à vontade, pois geralmente há outras pessoas sendo discipuladas; aprende com as perguntas e questionamentos dos demais; sente-se mais livre e menos tenso, pois não está sendo tratado sozinho. Comparando com a visita domiciliar ou no trabalho, por exemplo, não há o possível constrangimento de estar ao lado de pessoas que não compartilham da mesma fé e outros aspectos.
O que se ensina e se aprende no discipulado
O objetivo central do discipulado é mostrar o modelo de Cristo ao novo cristão ou ao mais jovem ou menos experiente. Convém lembrar-se dos relacionamentos de discipulados entre Moisés e Josué, entre Elias e Eliseu, entre Noemi e Rute, entre Isabel e Maria ou entre Paulo e Timóteo, para entender que nem sempre o discípulo é um neófito. Às vezes necessita apenas da experiência e da orientação do mais experimentado.
Aos neófitos, uma das primeiras coisas que um discipulador ensina é orar. É uma grande emoção, quando o novo cristão percebe que pode falar com Deus diretamente e, se bem ensinado, compreenderá que estará sendo ouvido e atendido pelo Senhor. Neste momento, ensina-se a proferir orações curtas e simples. Muito provavelmente, a alguns novos cristãos seja necessário orientar-lhes a orar pelas refeições, ao despertar, ao deitar-se, diante dos problemas da vida e em outras situações específicas.
Também dizer-lhes a respeito da divisão da bíblia em antigo e novo testamento, em livros, capítulos e versículos. Algo que faz muito bem ao discípulo é aprender onde estão os evangelhos, os milagres de Jesus, as parábolas e os seus ensinos.
Para a nova vida do discípulo, os temas mais trabalhados são relacionados a arrependimento, restauração, perdão e santificação, por exemplo. O discípulo em seus primeiros passos necessita saber também sobre a atuação do Espírito Santo na vida do crente, nos atraindo para Cristo, nos dando a fé para crescer, dando o desejo de conhecer cada dia mais a Deus, intercedendo por nós, dando os dons para usarmos na Obra. Os demais temas e assuntos para serem discutidos no discipulado, serão aplicados conforme a necessidade do discípulo. As revistas do Discipulado da CPAD têm uma estrutura curricular especial e muito bem planejada para esta atividade sublime na Obra do Senhor.
O que a Bíblia diz sobre Discipulado
O discipulado é uma prática recomendada pela Bíblia em várias situações. Jesus, nosso modelo, treinou as pessoas de forma exemplar. Ele "designou doze paraestarem com ele e para os enviar a pregar" (Mc.3:14). Esta estratégia revela que o discipulador deve considerar duas etapas importantes no treinamento de um discípulo: primeiro, tratar o caráter dos discípulos, ensiná-los a fazer a Obra e na segunda etapa, enviá-los a praticar o que aprenderam, isto é, fazer novos discípulos.
Observemos que a presença do mestre na vida do discípulo é muito importante e Jesus os queria com juntos dele, para que vissem como ele agia (O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros I Jo.1:3). Depois, a responsabilidade do mestre em enviar a fazer o mesmo. "Todo aquele que for bem instruído será como o seu mestre" Lc 6:40b.
É importante também observar que o apóstolo Paulo, nos seus primeiros dias de cristão teve seus discipuladores. Em Atos 9:17, diz que Ananias, enviado por Jesus, deu-lhe palavras de ânimo e orou por ele. Os capítulos 9 a 13 de Atos, relatam que Barnabé cuidou de Paulo em seus primeiros anos de cristão, defendendo-o, envolvendo-o no seu ministério e formando equipe com ele.
O próprio Paulo, de tão bem treinado, transformou-se em um mestre, tendo acompanhado os novos cristãos em seu crescimento, com palavras afetuosas, mas também com exortações (I Ts. 2:8-11; 3:10; Cl 1:28).
Efeitos do discipulado na vida dos discípulos.
A tarefa de discipular não é fácil. No entanto, somos ensinados pelo Senhor que deveremos aceitar essa missão e o Espírito Santo não nos deixará sós. Enquanto fazemos esta obra, nos dedicamos a ela, Ele vai transformando os discípulos, conforme a Sua vontade, deixando-os prontos para a nova vida.
O discipulador tem grande responsabilidade, mas não deve esquecer que não deve querer fazer o papel do Espírito Santo na vida do discípulo. Deve levá-lo a ter um relacionamento cada vez mais intimo com Deus, ser mais dependente dele eaprender a ouvir a voz do Espírito Santo (Lc.22:24-27).
A maior alegria do mestre ao realizar um processo de discipulado é saber que o seu trabalho será multiplicado e os seus discípulos farão outros. O Salmo 126:5-6 diz: “Os que semeiam em lágrimas com jubilo ceifarão. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos”. Sentimos-nos honrados, quando lemos II Tm. 2:2, pois sabemos que fazemos parte de um processo que visa expandir o Reino de Deus.
Que cada um de nós aceite ser, a cada momento da vida, discipulados pelo nosso Mestre, o Espírito Santo, para que possamos ser dignos da missão que temos recebido do Senhor. Que estejamos conscientes que necessitamos reproduzir a vida de Cristo em outras pessoas.

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